Logo cedo deixaram o hotel e passaram a caminhar pela cidade, observando tudo pelo que passavam. O lugar era, como um todo, muito simples, mas tal simplicidade trazia consigo um enorme aconchego.
As casas eram, em sua maioria, de madeira, assim como as lojas e os restaurantes. As ruas, de paralelepípedo. Tudo cercado pela intensa vegetação da região, o que tornava o lugar ainda mais bucólico. Poucas pessoas circulavam pelas ruas naquela manhã. Ainda menor era o número de carros. Assim, o que predominava era o som da conversa que levavam ao longo do caminho e dos pássaros que os viam presentear com suas canções.
O céu estava com poucas nuvens e o vento tornava o calor que fazia menos intenso. Após a caminhada, pararam para almoçar. Em seguida, retomaram o passeio, passando agora a visitar as lojas de artesanato da região. Ela gostava muito de levar pequenos presentes para amigos e família, mas acima disso, estava procurando algo para guardar daquela viagem, que por si só já era especial: era a primeira que faziam juntos.
Passou rápido. Ao entardecer, decidiram aproveitar os resquícios do sol que insistiam em aparecer no horizonte indo à praia. Tiraram os calçados e passaram a andar descalços pela areia, até sentirem o mar. Foram, então, caminhando, com a água tocando seus pés, em direção a uma rocha que existia nessa praia, um lugar onde poderiam parar para apreciar a paisagem.
O céu perdera seu azul da manhã, mas em troca, havia recebido o laranja e o vermelho. O sol havia majestosamente tornado o céu sua obra de arte. E lá continuavam os dois amantes. Perdidos no tempo, mas perfeitamente encontrados um no outro. Com as mãos dadas, brincavam à beira mar. Ela vez e outra ameaçava beijá-lo e saia correndo. Ele, sem pensar, sorria, e corria atrás. Quando a alcançava, lhe dava um forte abraço e a girava. Gostava de senti-la em seus braços. Respirava fundo nesses momentos para poder sentir seu perfume. Então, suspirava.
Andavam vagarosamente, aproveitando a brisa que lhes tocava o rosto. Quando, sem nenhuma explicação, ele olhava para ela e sorria, ela não entendia. Devolvia o gesto, mas não saberia dizer, com certeza, sua motivação. Ele, sim, conseguiria explicar muito bem. Aquilo, toda aquela cena, todo aquele ambiente já havia sido imaginado e repensado diversas vezes nos seus mais românticos devaneios. Contudo, ao olhar nos olhos daquela mulher em cuja cintura seu braço repousava ele confirmava: a realidade é muito melhor. O que sentia era aquela felicidade que dificilmente se encontra. Aquela que causa sorrisos espontâneos; lágrimas espontâneas.
Aproximavam-se cada vez mais da rocha. O céu ganhava as cores da noite gradativamente e a fraca brisa de outrora já era um vento mais acentuado. O vestido florido dela dançava. Assim como seu cabelo. Vendo que aquilo a incomodava ele parou e suavemente passou a mão nos fios que cobriam seus olhos e os carregou até atrás da orelha. Em vão, obviamente, pois o vento não colaborava. Mas, mesmo assim, era só mais uma oportunidade para acaricia-la.
Enfim, chegaram à rocha. Ele subiu primeiro. Ela, logo depois. Mesmo não sendo tão alta, a pedra proporcionava o lugar perfeito para apreciar o mar. As ondas chegavam subitamente e com esse movimento repetitivo, criavam a trilha sonora.
Ela tinha um olhar estático naquele instante. Parecia não acreditar no que via, de tão belo. Ele também não acreditava. Mas em seus olhos não estava a paisagem, estava a mulher que amava. Ela estava ali, ao seu lado, e não existia nenhum outro lugar onde desejasse estar.
Então, os dois deitaram abraçados e voltaram seus olhares para o céu, que recebia as primeiras estrelas. Com frio, por ter se molhado no mar, ela se aproximou dele, encostou a cabeça em seu ombro e colocou o braço sobre seu peito. Por um instante, fechou os olhos. Foi tão eterno quanto efêmero, mas ele sabia que aquilo era o que ele queria. Só aquilo. Nada mais.
Finalmente, quando as cores da noite já tomavam a praia, voltaram para o hotel do mesmo modo que haviam chegado. Mãos dadas e passos lentos, mas agora eram acompanhados também por um sentimento de tristeza, por ver aquele lindo dia encarando suas últimas horas.
E acabou. Simples assim. Descomplicado assim.
É pedir muito?